Empresas do mercado financeiro adquirem fintechs de recebíveis

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A One7 comprou a fintech Rapidoo e a XP a fintech Antecipa e ambas esperam alavancar o crédito nesse segmento

Maria Lúcia D’Urso

O mercado de antecipação de recebíveis no Brasil movimenta cerca de R$ 20 bilhões, de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entretanto, existe um potencial de negócios imenso. Calcula-se que a emissão de notas fiscais soma R$ 4 trilhões. Esse segmento promissor, cuja taxa de crescimento anual gira em torno de 15%, vem atraindo players do mercado financeiro. É o caso da One7, plataforma de serviços financeiros, que adquiriu a fintech Rapidoo, especializada em antecipação de recebíveis de forma 100% digital, e da XP Investimentos que comprou a Antecipa, cuja atuação também é no segmento de recebíveis.

“O mercado vem se firmando com a ajuda das fintechs que, por serem 100% digitais, podem prestar um atendimento de qualidade e rápido aos clientes, principalmente aos pequenos e médios”, afirma João Paulo Fiuza, CEO da One7.

Em decorrência da pandemia, esse segmento de recebíveis – responsável por adiantar contas a receber, como duplicatas, contratos e cheques – está com a demanda aquecida. Segundo Fiuza as fintechs obtiveram um aumento de 70% no seu volume de negócios durante o período de isolamento social que começou em março, na comparação com a fase pré-pandemia. “Essas empresas entraram com força total na área, porque têm a capacidade tecnológica para chegar até os clientes”, assinala o CEO.

A operação da One7 com a Rapidoo envolve um funding de R$ 50 milhões, que ficará disponível para os clientes da fintech (micro e pequenas empresas)e permitirá que a plataforma de sistemas financeiros diversifique seus produtos. “Nosso propósito ao adquirir a Rapidoo foi passar a oferecer crédito a empresas menores, com faturamento até R$ 400 mil por mês. Até então trabalhávamos com clientes que faturavam mensalmente até R$ 12 milhões. O core business atual da nossa empresa é a democratização do crédito”, enfatiza Fiuza.

A Rapidoo manterá a marca, porém com uma nova apresentação. Além disso receberá a infraestrutura da One7, para expandir a carteira de clientes, e a expertise dos profissionais da plataforma de sistemas financeiros. Com a operação, as duas empresas somam oito mil clientes em sua base com mais de 300 mil sacados. Até o primeiro trimestre de 2022, a One7 espera ultrapassar o marco de 1 milhão de sacados em sua carteira.

As atividades da One7 vão além da antecipação de recebíveis. Sua plataforma abriga serviços digitais, como emissão de boletos, gerenciamento financeiro e cobrança automática de vencidos, por meio do WhatsApp. A empresa pretende lançar novos produtos. “A meta é entregar cada dia mais serviços que facilitem a vida do pequeno empresário”, salienta o CEO da One7.

Atrativos da Antecipa

Como a One7, a XP Investimentos adquiriu a fintech Antecipa, especializada em antecipação de recebíveis. “O negócio encontra-se na fase de aprovação final junto ao Bacen”, informa Rodrigo Moreira, sócio e Head da XP Empresas.

Segundo o executivo a compra dessa empresa foi impulsionada pelo fato de a fintech possuir um modelo de negócios alinhado com o da XP. “A Antecipa opera baseada na rentabilização do caixa do próprio sacado e em um algoritmo que oferece ao cedente a melhor taxa para antecipação de recebíveis. Na essência, isso funciona como um investimento para o sacado e fortalece nossa missão de também contribuir para reduzir as taxas no mercado de crédito brasileiro”, argumenta Moreira.

A Antecipa adiciona mais um serviço ao ecossistema da XP, especialmente para os clientes empresariais e corporativos. “Ampliar nosso leque de serviços fortalece nossos laços com nossos stakeholders”, destaca Moreira. Em princípio a fintech se manterá como empresa independente, mas se apoiará comercialmente no ecossistema da XP.

O sócio e Head da XP Empresas ressalta que a pandemia mostrou que o supply chain financing, core business da Antecipa, é uma modalidade de crédito fundamental para manter cadeias de valor saudáveis. “Ele naturalmente mitiga riscos, porque embute a relação comercial pré-existente no negócio de crédito”, conclui o executivo.

Para acessar a entrevista na mídia original, clique aqui.

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